Introdução
A glutamina é o aminoácido livre mais abundante no plasma e no tecido muscular. Nutricionalmente é classificada como um aminoácido não essencial, uma vez que pode ser sintetizada pelo organismo a partir de outros aminoácidos. Exerce várias funções importantes no nosso organismo, tais como o transporte de nitrogênio, que é o substrato essencial para amoniogênese renal, sendo também um substrato benéfico para pacientes metabolicamente estressados, especialmente durante a doença crítica, tendo uma influência importante sobre a resposta inflamatória, estresse oxidativo, modulação da apoptose, e a integridade da barreira intestinal, através da atenuação de múltiplas vias inflamatórias.
Glutamina e Proteção do Miocárdio:
A glutamina contribui com a síntese da arginina. Este aminoácido é um importante regulador da síntese proteica e da proteólise e também é um precursor da produção de óxido nítrico, um agente de sinalização com papel crucial na imunidade, inflamação e perfusão de órgãos. A suplementação de glutamina corrige as concentrações de arginina, o que melhora a proteção dos tecidos e também do miocárdio. Além disso, a glutamina tem funções imunológicas benéficas relacionadas a proteção após isquemia-reperfusão no by-pass cardiopulmonar, pelo qual aumenta o substrato ATP-ADP no miocárdio, prevenindo o acúmulo intracelular de lactato, e melhorando o acúmulo de glutationa (GSH) no miocárdio.
Objetivo do Estudo
Esse estudo conduzido por Chávez et al. (2017) teve como objetivo analisar o efeito da suplementação oral pré-operatória de glutamina sobre os níveis séricos de marcadores cardíacos.Para isso, um ensaio clínico randomizado foi realizado em 28 pacientes com doença cardíaca isquêmica que foram submetidos à circulação extracorpórea. Os pacientes receberam Glutamina via oral 0,5g kg/dia( Grupo 1) e Maltodextrina( Grupo 2) 3 dias antes da cirurgia. Para avaliação da eficácia foram realizadas análise dos marcadores de lesão cardíaca como troponina-I, creatinofosfoquinase e creatinofosfoquinase-Mb, analisados em 1, 12 e 24 horas de pós-operatório.
Resultados
• Nas primeiras 12 e 24 horas, os níveis de marcadores séricos foram significativamente menores no grupo da glutamina em comparação com os controles (p = 0,01 ep = 0,001, respectivamente) (p = 0,004 e p <0,001, respectivamente).
• As complicações foram significativamente menores no grupo glutamina (p = 0,01, RR = 0,54, IC 95% 0,31-0,93).
• A mortalidade foi observada com 2 casos de falência múltipla de órgãos no grupo controle e 1 caso de embolia pulmonar no grupo glutamina (p = 0,50).
Conclusão
A glutamina oral pré-operatória padronizada na dose de 0,5 g/kg/dia demonstrou uma redução significativa no dano miocárdico pós-operatório. Além disso níveis mais baixos de marcadores de lesão cardíaca, morbidade e mortalidade foram observados em pacientes que receberam glutamina.
Referências:
Tostado, Chávez. et. al; Oral glutamine reduces myocardial damage after coronary revascularization under cardiopulmonary bypass. A randomized clinical trial.Nutr Hosp. 2017 Mar