Luteína e Zeaxantina melhoram as funções cognitivas e de aprendizagem em indivíduos jovens e adultos.

por INSTITUTO HI-NUTRITION / 9 Março 2018 / Estudo Científico

Introdução

O cérebro é uma estrutura fortemente baseada em lipídeos, altamente oxigenada, propensa ao estresse inflamatório. A ingestão dietética, boa ou má, pode influenciar o estado oxidativo e inflamatório do cérebro e, portanto, sua função. Outra categoria são os efeitos agudos sobre o metabolismo celular.

A ingestão dietética está envolvida em todos os aspectos da função de um neurônio, variando em influenciar a estrutura básica da própria célula (por exemplo, composição de fosfolípidos); a potenciais de descanso e ação; a síntese de neurotransmissores a partir de aminoácidos e precursores de vitaminas (por exemplo, piridoxal 5'-fosfato, uma forma de vitamina B6, que é uma coenzima necessária para a biossíntese de ácido gamma-aminobutírico (GABA), norepinefrina e serotonina a partir de ácido glutâmico, tirosina e triptofano, respectivamente).

As vitaminas B6, B12 e folato são necessários para apoiar reações de metilação, algumas das quais são mencionadas acima e também são importantes na regulação de genes. É interessante notar que a metilação é o único método para a regulação de genes no DNA mitocondrial e que essas vitaminas são críticas para a função mitocondrial.

Como muitas áreas de nutrição, a maioria das pesquisas sobre a conexão dieta-cérebro se concentrou em deficiências de micronutrientes, como o papel das vitaminas B em declínio cognitivo ou doenças como Korsakoff e demência. Sabe-se muito pouco sobre muitos outros fitoquímicos que são comumente encontrados em alimentos (ou seja, ainda não definidos como essenciais ou mesmo como nutrientes). Ainda menos se sabe sobre como esses componentes da dieta influenciam o cérebro de jovens adultos saudáveis. Uma exceção a esta tendência geral é um crescente interesse em um possível papel para as xantofilas, especificamente a luteína (L), a zeaxantina (Z) e a meso-zeaxantina (MZ).

Estudos têm sugerido que altos níveis séricos de luteína e zeaxantina no sistema nervoso central (quantificado através da
Densidade Óptica do Pigmento Macular [DOPM]) estão relacionados com a função cognitiva em idosos.

Luteína e Zeaxantina

A luteína e a zeaxantina são pigmentos amarelos que se localizam na região macular, por isso também chamados de pigmentos maculares. Não são sintetizadas por nosso organismo, portanto necessitam ser obtidas por meio da ingestão diária de alimentos onde se encontram presentes. São encontradas nos vegetais e podem ser identificadas quantitativamente através da cromatografia líquida de alta performance (CLAP).

Acredita-se que indivíduos com baixa densidade óptica de pigmentos maculares teriam um risco maior para a evolução de degeneração macular relacionada à idade (DMRI). Além das evidências de que os pigmentos diminuiriam a irradiação luminosa nos fotorreceptores e atuariam como antioxidantes, os fatores de risco para sua baixa densidade são os mesmos para DMRI, o que constitui evidência circunstancial para a hipótese. Assim, atualmente existe um extenso investimento no estudo e desenvolvimento de técnicas que quantifiquem os pigmentos na mácula in vivo.

Luteína e Zeaxantina no Tecido Neural

A concentração de xantofilas (zeaxantina e luteína) no tecido neural pode ser correlacionada com aspectos visuais e cognitivos (memória e atenção) em indivíduos jovens e idosos. A administração destas substâncias melhora os padrões cognitivos em vários domínios. A concentração de zeaxantina e luteína no tecido cerebral se relacionam com a memória e fluidez verbal e a demência associada à idade.

O estudo abaixo conduzido por pesquisadores da Universidade da Geórgia nos Estados Unidos, avaliaram o uso da suplementação combinada de luteína e zeaxantina em indivíduos jovens.

Estudo Clínico 1 – Luteína e Zeaxantina Melhoram os Padrões Cognitivos e de Atenção em Indivíduos Jovens

Renzi-Hammond et al. (2017) conduziram um estudo que teve como objetivo determinar se a suplementação de luteína + zeaxantina melhora a função cognitiva em indivíduos jovens com idades entre 18 e 30 anos.
Para isso, 51 jovens saudáveis participaram deste estudo clínico randomizado, duplo-mascarado e placebo-controlado. Eles foram separados em dois grupos para receberem a seguinte posologia por um ano: grupo 1 (n=37) 10 mg de luteína + 2 mg de Zeaxantina dose diária; ou grupo 2 (n=14) placebo.

Parâmetros Avaliados:


A DOPM foi avaliada psicofisicamente usando fotometria de cintilação heterocromática personalizada usando a plataforma do CNS Vital Signs. A DOPM e a função cognitiva foram avaliadas a cada quatro meses por um período de um ano de suplementação.

Resultados:

  • A suplementação aumentou os níveis de DOPM de maneira ao longo de um ano quando comparado com o placebo (p<0,001);

  • A administração diária de luteína e zeaxantina aumentaram a memória espacial (p<0,04), a capacidade de raciocínio (p<0,05) e atenção.

 

Conclusão:

A suplementação de luteína e zeaxantina melhoraram a função cognitiva em indivíduos jovens saudáveis. A magnitude da melhora foi similar com os efeitos cognitivos observados em outras populações.

Referências Bibliográficas

 

Renzi-Hammond LM1,2, Bovier ER3,4, Fletcher LM5, Miller LS6, Mewborn CM7, Lindbergh CA8, Baxter JH9, Hammond BR10. Effects of a Lutein and Zeaxanthin Intervention on Cognitive Function: A Randomized, Double-Masked, Placebo-Controlled Trial of Younger Healthy Adults. Nutrients. 2017 Nov 14;9(11). pii: E1246. doi: 10.3390/nu9111246.

Lindbergh CA1, Renzi-Hammond LM1, Hammond BR1, Terry DP1, Mewborn CM1, Puente AN1, Miller LS1. Lutein and Zeaxanthin Influence Brain Function in Older Adults: A Randomized Controlled Trial. J Int Neuropsychol Soc. 2018 Jan;24(1):77-90. 

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