Vitamina K2 e Rigidez Arterial em Pacientes Transplantados Renais.

por INSTITUTO HI-NUTRITION / 19 Janeiro 2018 / Estudo Científico

Introdução

O transplante renal está associado a resultados cardiovasculares (CV) consideravelmente melhores e qualidade de vida entre pacientes com doença renal terminal (ESRD), quando comparados com outras modalidades de substituição renal. Essa melhora está relacionada à restauração da função renal conferida pelo transplante. No entanto, a taxa de eventos CV permanece significativamente maiores entre os receptores de transplante, em comparação com indivíduos da mesma idade e sexo na população em geral, em parte devido à rigidez arterial e à calcificação vascular ativa que persistem após o transplante renal.


A calcificação vascular é um processo biológico ativo e bem regulado, promovido por um desequilíbrio entre as substâncias pró-calcificantes e inibidoras da calcificação que levam à osteogênese. Independentemente das características histoanatômicas e etiológicas das calcificações vasculares, diminuição da atividade de inibidores da calcificação endógena, como a potente Proteína da Matriz Gla (MGP), permite a mineralização da parede vascular. A MGP é uma proteína pequena, com aproximadamente 10 kDa que é expressa principalmente por osteoclastos, condrócitos e células musculares lisas vasculares. Sua ativação confere atividade de inibição de calcificação e depende de dois processos pós-tradução: a carboxilação de glutamato dependente de vitamina K e a fosforilação de serina.


A ativação de MGP (fosforilada e carboxilada) inibe o crescimento local dos cristais e a apoptose das células do músculo liso vascular, enquanto que a MGP descarboxilada e defosforilada (dp-ucMGP) é inativa, tem baixa afinidade pelo cálcio e é então liberada na circulação. Os estudos têm demonstraram que os níveis plasmáticos de dp-ucMGP são marcadores do estado vascular de vitamina K - com altos níveis indicando deficiência vascular de vitamina K - e estão positivamente associados à rigidez arterial. Há evidências crescentes de que a maioria dos pacientes com hemodiálise possui deficiência subclínica de vitamina K e que a suplementação com vitamina K diminui marcadamente os níveis circulantes de MGP inativo. Mais recentemente, a insuficiência de vitamina K mostrou-se altamente prevalente em indivíduos transplantados renais estáveis ​​e foi associada ao aumento do risco de mortalidade. 


Objetivo e Metodologia


Este estudo teve como objetivo avaliar a associação entre as alterações no status de vitamina K e os índices de rigidez arterial. Para isso, 60 pacientes que receberam transplante renal foram selecionados para receberem durante 8 semanas uma suplementação com vitamina K2.


Para análise dos resultados, a rigidez arterial foi avaliada através da velocidade da onda de pulso carótido-femoral (cfPWV) e a deficiência subclínica de vitamina K foi definida pela concentração plasmática da proteína Gla da matriz descarboxilada e desfosforilada (dp-ucMGP) >500pmol/L.

 

Resultados


No início do estudo, 53,3% dos indivíduos tinham deficiência de vitamina K. A suplementação foi associada com uma redução média de 14,2% de cfPWV na semana 8. Além disso, a concentração média de dp-ucMGP também foi significativamente reduzida em 55,1% após a suplementação, com redução na prevalência da deficiência subclínica de 40%.

 

Conclusão


Foi possível concluir que, em pacientes que receberam transplante renal e suplementação de vitamina K2, houve melhora na deficiência subclínica da vitamina e da rigidez arterial.

 

Referência

Mansour AG1, Hariri E1, Daaboul Y2, Korjian S3, El Alam A1, Protogerou AD4, Kilany H5, Karam A5, Stephan A5, Bahous SA6. Vitamin K2 supplementation and arterial stiffness among renal transplant recipients-a single-arm, single-center clinical trial. J Am Soc Hypertens. 2017 Sep;11(9):589-597. doi: 10.1016/j.jash.2017.07.001. Epub 2017 Jul 13.

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