MELBOURNE - Um pequeno
ensaio clínico, com 56 crianças, conduzido pelo Instituto de pesquisa Murdoch,
na Austrália, pode ter levado a cura da alergia a amendoim. Dois terços do
grupo de crianças analisado demosntraram esse efeito. Elas foram submetidas a
uma imunoterapia experimental e a dessensibilização permaneceu em 70% delas até
quatro anos após o fim do tratamento. A nova forma pioneira de tratar a alergia
combina um probiótico com imunoterapia oral, conhecida como PPOIT. Em vez de
evitar o contato com o alérgeno, a terapia insere uma proteína do amendoim para
reprogramar o sistema imune responsável pelo eventual desenvolvimento da alergia
ao alimento.
“Essas
crianças têm comido amendoim sem precisarem seguir nenhum programa específico
nos anos seguintes ao término do tratamento”, disse o líder da pesquisa, o
professor Mimi Tang. Combinar o probiótico com a imunoterapia dá ao sistema imune
o “empurrãozinho” que ele precisa, de acordo com Tang.
Durante
o estudo, que começou em 2013, os pesquisadores deram para metade das crianças
a combinação produzida para o tratamento experimental. Para a outra metade,
placebo. O medicamento ou o placebo foram dados uma vez ao dia por 18 meses.
No
fim da pesquisa, 82%, 48 crianças, das que receberam a imunoterapia
apresentaram resultados positivas, deixando de ter reação ao amendoim, e
passando para a próxima fase da pesquisa. Quatro anos depois, a maioria das
crianças inseriu o alimento em suas dietas normais e não teve complicações. 70%
delas passará para um novo grupo de teste para confirmar a eficácia do
processo.
Os
resultados do estudo foram publicados no periódico médico internacional “The
Lancet”.
AVANÇOS PARA OUTRAS ALERGIAS ALIMENTARES
Para
Tang, os resultados são promissores e mudam a vida de quem convive com a
alergia: “As crianças chegaram ao estudo alérgicas a amendoim, tendo que evitar
o contato com o alimento, sendo muito vigilantes em torno disso, trazendo
ansiedade. No fim do tratamento e até quatro anos depois, muitas delas se
beneficiaram do nosso probiótico. Agora, poderão viver como se não tivessem a
alergia”.
A
alergia a amendoim é uma das alimentares mais severas e a causa mais comum de
anafilaxia, reação alérgica que pode levar a morte. As alergias alimentarem
atingem, em média, uma a cada 20 crianças.
Se os
resultados se confirmarem, com estudos maiores, a expectativa é que o
tratamento possa também auxiliar no combate a outros tipos de alergia
alimentar, como a ovo, por exemplo.