Introdução
A enxaqueca é definida como uma doença neurológica comum, crônica, latejante debilitante, acompanhada de cefaleia unilateral grave, náuseas, vômitos e fotofobia. São divididas em episódicas (menos de 15 dias/mês de cefaleia) e crônicas (mais ou igual a 15 dias/mês de cefaleia por > 3 meses, com sintomas de enxaqueca ≥ 8 dias/mês).
Os mecanismos fisiopatológicos exatos da enxaqueca não são completamente compreendidos, onde uma das hipóteses é a hipóxia ou disfunção mitocondrial como também ser causada por fatores como hipersensibilidade ao óxido nítrico e atividade cortical anormal.
Hipóxia e disfunção mitocondrial aumentam os níveis de lactato no cérebro. Quando a hipóxia afeta o tecido, as células endoteliais liberam óxido nítrico (NO), consequentemente aumentando a resposta vasodilatadora e a oferta de oxigênio aos tecidos. Estas disfunções foram verificadas em indivíduos com enxaqueca com ou sem aura.
Foi demonstrado que a supersensibilidade ao NO pode ser um possível mecanismo molecular da dor na enxaqueca. O NO está envolvido no estímulo da atividade da depressão alastrante cortical (DSC), e, consequentemente, no aumento das moléculas de adesão celular (CAMs).
O ácido Alfa-lipoico é um antioxidante anfipático, que age como cofator para várias enzimas como piruvato desidrogenase e cetoglutarato desidrogenase, exerce seu poder antioxidante através da redução e regeneração de antioxidantes, endógenos oxidados como a glutationa, vitamina C e vitamina E, modulação de espécies reativas de oxigênio (ROS) e de nitrogênio (RNS) e na modulação da via de sinalização para o fator nuclear kappa B (NF- kb). Possui efeito protetor na função endotelial e segurança da suplementação de ALA em várias condições de saúde em crianças e adultos.
Resultados
Estudo paralelo, randomizado, duplo-cego, controlado por placebo para avaliar os efeitos da suplementação de ácido alfa-lipóico (ALA) nos níveis de lactato, óxido nítrico (NO), molécula de adesão celular vascular-1(VCAM-1) e sintomas clínicos em mulheres com enxaquecas episódicas, os resultados obtidos foram:
Ao final do estudo, houve diminuição significativa no grupo ALA em comparação ao grupo placebo em:
- Níveis séricos de lactato (− 6,45 ± 0,82 mg/dl vs − 2,27 ± 1,17 mg/dl; P = 0,039)
- VCAM-1 (− 2,02 ± 0,30 ng/ml vs − 1,21 ± 0,36 ng/ml; P = 0,025)
- Gravidade (P < 0,001), frequência (P = 0,001), teste de impacto da dor de cabeça (HIT-6) (P < 0,001), cefaleia resultante de laticínios (HDR) (P = 0,003) e pontuação no índice de dor de cabeça por enxaqueca (MHIS) (P < 0,001).
Conclusão
Foi possível chegar à seguinte conclusão: a suplementação de ALA pode ser considerada um potencial tratamento adjuvante em pacientes com enxaqueca devido à melhora das funções mitocondriais e endoteliais
e dos sintomas clínicos.
Referências bibliográficas
KELISHADI MR, NAEINI AA, KHORVASH F, ASKARI G, HEIDARI Z. The beneficial effect of Alpha-lipoic acid supplementation as a potential adjunct treatment in episodic migraines. Sci Rep. 2022 Jan 7;12(1):271. doi: 10.1038/s41598-021-04397-z. PMID: 34997178; PMCID: PMC8742085.