A maioria das manifestações
cardiovasculares e consequentes eventos tromboembólicos evoluem de alterações
ateroscleróticas nos principais vasos sanguíneos, devido ao aumento de
lipoproteínas de baixa densidade e da disfunção endotelial, com redução da
atividade do óxido nítrico e tendência ao estado vascular inflamatório.
A
capacidade de resposta ao vasodilatador endotelial pode ser mensurada para
estratificar o risco cardiovascular e determinar o prognóstico em vários
contextos clínicos específicos, uma vez que não existe um método ideal para
avaliar essa resposta. Anteriormente, alterações na resistência vascular foram
encontradas e medidas através da técnica de dilatação fluxo-mediada (DFM) da
artéria braquial em mulheres na pós-menopausa que usaram terapia estrogênica
por um curto período.
Evidências científicas apoiam que a
deficiência de estrógeno aumento o risco cardiovascular e que o seu uso na
pós-menopausa promove uma redução da lipoproteína de baixa densidade, aumento
na lipoproteína de alta densidade e ação vasodilatadora direta na parede
vascular. No entanto, a terapia hormonal não é eficaz na prevenção de DCV
(Doenças Cardiovasculares). A terapia hormonal é recomendada para aliviar os
sintomas vasomotores, mas as mulheres que utilizam essa terapia experimentam
efeitos adversos significativos.
Cimicifuga racemosa e
Sistema Vascular
A Cimicifuga racemosa é uma
planta nativa de regiões temperadas, e sua ação farmacológica é diretamente
associada à sua constituição diversificada. Seu efeito no tratamento dos
sintomas decorrentes da transição da menopausa está possivelmente relacionado à
ação central dos agonistas do receptor de serotonina. No sistema
cardiovascular, a Cimicifuga atua aumentando os níveis de colesterol das
lipoproteínas de alta densidade (HDL-c) e reduzindo as lipoproteínas de baixa
densidade (LDL-c). Além disso, ela potencializa os efeitos anti-hipertensivos
em mulheres na perimenopausa, com impacto positivo na redução da pressão
arterial sistólica e diastólica e na normalização dos parâmetros da
variabilidade da pressão arterial.
ESTUDO
O objetivo desse publicado no periódico
internacional Climacteric foi avaliar os efeitos da suplementação C.
racemosa na função endotelial através da dilatação fluxo-mediada da artéria
braquial.
Resultados:
- A média de idade,
tempo desde a menopausa e índice de massa corporal eram similares entre os
grupos;
- As avaliações da
dilatação fluxo-mediada da artéria braquial, antes a após o tratamento,
respectivamente, mostraram um aumento significativo em pacientes que utilizaram
a C. racemosa;
- Os pacientes do
grupo placebo não apresentaram alterações na dilatação fluxo-mediada da artéria
braquial após 28 dias de tratamento;
- Quando comparado o
número de mulheres em ambos os grupos que mostraram um aumento na dilatação
fluxo-mediada, uma diferença significativa foi encontrada no grupo 1.
Conclusão:
O uso diário de C. racemosa em
mulheres na pós-menopausa durante 28 dias, influencia beneficamente a função
endotelial através da promoção de elasticidade da artéria braquial.
FERNANDES, E.
S.; CELANI, M. F. S.; FISTAROL, M.; GEBER, S. Effectiveness of the short-term
use of Cimicifuga racemosa in the endothelial function of postmenopausal women:
a double-blind, randomized, controlled trial. Climacteric, 23, n. 3, p.
245-251, Jun 2020.