Zinco em Pacientes Pediátricos
com β-Talassemia
Auxilia no Controle da
Homeostase da Glicose
Introdução
A
β-talassemia representa um grupo de alterações na hemoglobina herdados de
maneira recessiva caracterizada pela síntese reduzida da cadeia β-globina.
Pacientes com essa condição apresenta anemia grave que precisa de transfusão de
sangue regular. Devido à eritropoiese ineficaz e o excesso de ferro presentes
no plasma, eles podem causar danos progressivos em alguns tecidos e órgãos. Há
também um aumento da síntese de radicais hidroxilas que promovem aumento do
estresse oxidativo.
Talassemina e Diabetes
A diabetes é
um problema metabólico importante encontrado em pacientes com talassemia. A
severidade e o tipo de alterações no metabolismo da glicose apresentam grande
variação. A diabetes é caracterizada por níveis elevados de glicose devido ou
aos baixos níveis de insulina ou redução da sensibilidade a este hormônio.
Alterações nas funções das células β e a resistência à insulina podem ser
fatores que acarretam anormalidades no metabolismo da glicose em indivíduos com
talassemia.
Talassemina e Níveis de Zinco
A hiperinsulinemia,
secundária a resistência à insulina, com tolerância normal da glicose tem sido
observada. Também tem sido reportado que o desenvolvimento anormal de
tolerância à glicose em crianças e adolescentes com β-talassemia está associada
com alterações no equilíbrio antioxidante e aumento da resistência à insulina.
Estima-se que entre 20% a 30% dos pacientes com β-talassemia são deficientes de
zinco.
Nos pacientes
com β-talassemia apresenta uma maior eliminação de zinco pela urina. O estresse
oxidativo em pacientes com diabetes tipo 2 está relacionado à mudança no
metabolismo do zinco.
O zinco é um
cofator indispensável para mais de 300 enzimas envolvidas com o metabolismo e
desempenha um papel importante no sistema imune, na apoptose e no estresse
oxidativo. O zinco auxilia na regulação do metabolismo da glicose e dos
lipídios e também regula os processos de formação da insulina. Portanto, o
zinco é um fator chave para a homeostase e o risco de desenvolvimento da
diabetes tipo 2.
Vários
estudos clínicos estão avaliando os efeitos da suplementação de zinco em
pacientes com β-talassemia e deficiência de zinco. A finalidade é avaliar se a
suplementação exógena de zinco pode regular a homeostase do zinco.
Resultados
Um estudo realizado por Matter
et al. (2020) avaliou os efeitos da
suplementação oral de zinco na homeostase da glicose em pacientes pediátricos
com β-talassemia e com diabetes mellitus associada. Os resultados obtidos
foram:
- Após 12 semanas, a suplementação de zinco resultou em uma
diminuição significativa da lactato desidrogenase, ferritina sérica, FBG,
frutosamina, HOMA-IR e UAE;
- Os níveis de peptídeos C em jejum foram mais elevados quando
comparados com a linha base e como o placebo (p<0,05);
- Os níveis séricos de zinco foram negativamente relacionados
com a FBG (p<0,001) e com os níveis de frutosamina (p<0,001);
- Os níveis de zinco foram correlacionados positivamente com os
níveis de peptídeo C em jejum (p=0,002).
Conclusão
A
suplementação de zinco como adjunto às terapias usadas em pacientes com
β-talassemia reduziu os níveis de ferro, de glicose e aumentou a secreção de
insulina. Houve controle da glicemia sem efeitos adversos.
Referências
bibliográficas
MATTER, RM. et al. Zinc
Supplementation Improves Glucose Homeostasis in Patients With β-thalassemia Major Complicated With Diabetes Mellitus:
A Randomized Controlled Trial. Nutrition. 2020 May;73:110702. doi:
10.1016/j.nut.2019.110702. Epub 2019 Dec 14.