Uso de Probióticos em Pacientes com Acne
Equilibra a Microbiota Cutânea,
Diminui a Contagem de Lesões e Auxilia no Controle da Produção Sebácea
Acne é a dermatose mais comum, acometendo
cerca de 80% dos adolescentes e adultos jovens. É caracterizada por lesões
não-inflamatórias (comedões abertos e/ou fechados) e por lesões inflamatórias
(pápulas, pústulas, cistos ou nódulos) tipicamente localizados na face,
pescoço, dorso, tórax e braços.
Classificação da Acne
As apresentações clínicas são diversas e
sua classificação não é universal. A descrição das lesões e sua extensão é a
maneira mais útil para definir sua gravidade e orientar seu tratamento. As
lesões iniciais são caracterizadas por comedões (tampões de queratina que se
formam dentro dos óstios dos folículos e são descritos como abertos - “pontos
pretos” - e/ou fechados - “pontos brancos”) que não apresentam inflamação.
A etiologia da acne vulgar resulta da
associação dos seguintes fatores: hiperqueratinização e obstrução do
infundíbulo folicular, devido à descamação anormal do epitélio folicular;
aumento da produção de sebo estimulada pelos andrógenos; colonização do
folículo pelo Propionibacterium acnes (Cutibacterium acnes), gerando
inflamação.
O C.acnes é o
principal agente causador da inflamação na acne e há múltiplos mecanismos
envolvidos nesse processo. Essa bactéria estimula a liberação de IL-1, IL-8 e
TNF-α e ativa o sistema complemento. Esse micro-organismo produz ácidos graxos
livres via hidrólise (lipase) dos triglicerídeos presentes na glândula sebácea.
A acne é
conhecida como uma doença inflamatória crônica da pele, com graves efeitos
adversos na qualidade de vida dos pacientes. A crescente resistência aos
antibióticos diminuiu sua eficácia no tratamento da acne. Como suplementos, os
probióticos fornecem benefícios à saúde através da neutralização de patógenos e
da manutenção da homeostase do microbioma intestinal e da pele. O presente
artigo revisou o potencial dos probióticos como micro-organismos benéficos no
tratamento da acne vulgar
Esta revisão da literatura foi
realizada através de uma pesquisa bibliográfica de bancos de dados populares,
incluindo Science Direct, PubMed, Scielo e Medline, usando palavras-chave como
probióticos, prebióticos, simbióticos, microbioma e acne vulgar para determinar
possíveis aplicações dessas substâncias no tratamento da acne vulgar.
Ação
dos Probióticos em Peles Acneicas
As lesões
acneicas estão associadas a uma maior quantidade de C. acnes, como uma bactéria comensal da pele. Estudos têm
demonstrado os efeitos inibitórios dos probióticos sob o crescimento do C. acnes, mediando proteínas
antibacterianas e substâncias inibidoras do tipo bacteriocinas. Os probióticos
também inibem a liberação de citocinas inflamatórias em células epiteliais e em
queratinócitos, sugerindo atividades imunomoduladoras.
Além disso, a fermentação de
glicerol pelo Staphylococcus epidermidis foi considerada uma defesa natural da
pele contra a acne e um inibidor do crescimento excessivo de P. acnes. Como
agente antimicrobiano em loções e formulações cosméticas, Lactococcus sp. pode
diminuir os mediadores inflamatórios produzidos por P. acnes o que acarretaria
em vasodilatação, edema, degranulação de mastócitos e liberação de TNF-alfa.
Verificou-se que a administração oral de probióticos constitui uma terapia
adjuvante às modalidades convencionais para o tratamento da acne vulgar leve a
moderada.
Estudos
em humanos têm demonstrado que a suplementação de Lactobacillus, por exemplo, melhora as lesões acneicas dentro de 12
semanas. Além da diminuição na contagem do número de lesões, houve
significativa redução da produção sebácea.
Referências bibliográficas
GOODARZI, A. et al.
The potential of probiotics for
treating acne vulgaris: A review of literature on acne and microbiota. Dermatol
Ther. 2020 Apr 7:e13279.