As cãibras musculares são definidas clinicamente como involuntárias, visíveis ou palpáveis contrações dolorosas assimétricas que são abruptas, muitas vezes noturnas, e geralmente ocorrem em repouso. Ocorrem em até um terço de todos os adultos, podendo durar de segundos a minutos com uma residual dor ou rigidez muscular que pode durar até 72 horas.
As cãibras musculares são mais comuns em pacientes com cirrose e atingem até 88% dos pacientes com essa condição. Estão fortemente associadas à dor, falta de sono, falta de energia e alterações físicas e emocionais.
A taurina ou também conhecida como ácido beta-aminossulfônico é um aminoácido não essencial que pode ser encontrado em diversos tecidos, em particular no cérebro, miocárdio, fígado, músculos e rins. Sua síntese ocorre a partir dos aminoácidos metionina e cisteína.
Estudos demonstraram que a taurina exerce diversos benefícios no organismo, dentre eles está o de proteger a integridade do tecido hepático.
A taurina desempenha papel fundamental na osmoserregulação, transporte de cálcio e estabilização de membrana. Este aminoácido não essencial é obtido através da dieta e o restante é sintetizado no fígado a partir de cisteína e metionina e requer vitamina B6.
Níveis séricos reduzidos em pacientes com cirrose estão ligados a má ingestão ou distúrbio subjacente do metabolismo da cisteína e metionina. Estudos têm demonstrado que a suplementação de taurina em pacientes com cirrose reduz a intensidade, frequência e duração das cãibras musculares.
Resultados
Através de um estudo conduzido por Vidot et al. (2018) foi possível avaliar os efeitos da taurina na frequência, duração e intensidade das cãibras musculares em pacientes com doença hepática crônica.
Os resultados obtidos foram:
A suplementação de taurina aumentou seus níveis séricos (p<0,001);
Não foram observados efeitos adversos relacionados com a suplementação de taurina;
Os pacientes tratados com 2 g de taurina demonstram uma significativa redução da frequência e severidade das cãibras (sete episódios a menos de cãibras em 15 dias, p=0,03), duração (89 minutos a menos em 15 dias, p=0,03) e severidade (1,4 unidades a menos, p<0,004) todos estes itens foram em comparação com o placebo.
Conclusão
Pode-se concluir que a suplementação oral com 2g de taurina ao dia resultou em uma redução clinica significativa na frequência, duração e intensidade das cãibras musculares em pacientes com doença hepática crônica. A taurina foi considerada segura e efetiva, e também não foram observados efeitos colaterais associadas com o tratamento.