Pessoas com dieta restrita, como vegetarianos e veganos, têm um risco maior de não obter níveis adequados de iodo e podem precisar se suplementação.
Com frequência os pacientes com doenças na tireoide perguntam sobre mudanças na dieta para ajudar no tratamento ou mesmo reverter a doença. Mas, será que de fato existe uma dieta para tireoide?,
Alguns alimentos e sua relação com disfunções da glândula.
1 - Iodo
A produção de hormônios tireoidianos requer níveis adequados de iodo, que vem da alimentação. A recomendação varia, sendo maior em gestantes e lactantes. As principais fontes de iodo são o sal de cozinha, frutos do mar, alguns pães e grãos. Pessoas com dieta restrita, como vegetarianos e veganos, têm um risco maior de não obter níveis adequados de iodo e podem precisar se suplementação. No caso de gestantes e lactantes, isso também pode ser indicado, mas sempre pelo endocrinologista.
Por outro lado, a médica explica que opções de suplementos com iodo vêm se tornando comuns e podem ser compradas sem receita. O risco é que, em geral, eles contêm níveis muitas vezes maiores do que o necessário para o organismo, oferecendo riscos a quem os utiliza. A suplementação de iodo para tratar ou prevenir doenças da tireoide não é recomendada. Em pessoas predispostas à doença, o excesso de iodo pode desencadear hipotireoidismo ou hipertireoidismo e até induzir tireoidite autoimune.
Por estes motivos, evite suplementos de iodo sem recomendação médica e os que contenham mais do que 500 mcg/dia.
2 - Alimentos bociogênicos.
Podem causar aumento de volume da tireoide. Os principais são os vegetais crucíferos, como brócolis, repolho, couve de Bruxelas, couve-flor, entre outros.
Eles são ricos em glicosinolatos, substâncias com propriedades anticancerígenas, mas que inibem a produção de hormônios da tireoide. Na prática, tanto para quem tem ou não hipotireoidismo, grandes quantidades afetarão sua produção hormonal, mas não há porque parar por completo com o uso. Não há dados de quantidade máxima recomendada, então vale o equilíbrio de incluí-los em sua dieta, mas sem exageros. Outro detalhe importante é evitar o consumo dos talos destes vegetais, onde se concentra a maior quantidade dos glicosinolatos.
3 - Soja
Contém isoflavonas, que também podem inibir a síntese de hormônios da tireoide. Em áreas que não são deficientes em iodo, o uso da soja por pessoas com função da tireoide normal não parece trazer problemas. Para os que têm hipotireoidismo recomendamos consumir com moderação, pois o uso da soja pode inibir a função da tireoide e mesmo fazer com que o pessoa precise de uma dose maior do medicamento da reposição hormonal. Para quem tem hipotireoidismo, recomendamos consumir soja uma a duas vezes por semana.
4 - Selênio
Micronutriente importante para o metabolismo da tireoide cujas fontes alimentares são os frutos do mar e vísceras, grãos, ovos e as castanhas do Pará. Embora raro, o consumo excessivo de selênio pode levar a intoxicação. Alguns estudos têm mostrado benefício em suplementar selênio para pessoas com doenças autoimunes da tireoide. Além disso, baixos níveis de selênio têm sido associados a maior risco de bócio e nódulos, mas a suplementação só e necessária em áreas deficientes em iodo. Para as demais, a recomendação é de obter o selênio de fontes alimentares. A única indicação do uso de selênio é como adjuvante para auxiliar na melhora de sintomas da oftalmopatia de Graves, doença oftálmica ligada ao hipertireoidismo de origem autoimune.
5 - Outros minerais
O zinco, cobre e magnésio com frequência são cogitados como benéficos para a tireoide. Porém, o papel deles é bem menos definido pelos estudos existentes, por isso não se recomenda sua suplementação.
6 - Café, chá e álcool
Não há evidências de relação de aumento de doenças de tireoide, nem do risco de câncer de tireoide com seu consumo.
7 - Vitamina D
Também é cogitada como tendo papel protetor, mas nenhum estudo até a momento confirmou isso.
8 - Dietas sem glúten, sem lactose e sem açúcar
Tratar o intestino com dietas livres de glúten, lactose e açúcar e com probióticos é também algo que vem crescendo, com objetivo de prevenir ou tratar doenças da tireoide. Embora a importância do intestino só venha aumentando, faltam estudos que confirmem este benefício, por isso não podemos recomendar esta conduta antes que mais estudos conclusivos sejam finalizados.
Fonte
Dra. Patrícia Peixoto - endocrinologista membro Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, da Abeso (Associação Brasileira para Estudo da Obesidade) e da Endocrine Society