Dieta ‘low carb’ pode reduzir expectativa de vida, afirma estudo

por VEJA.COM / 29 Agosto 2018 / Notícias do Mercado

Se você é daquelas pessoas que ficam contando as calorias provenientes dos carboidratos, a recomendação de especialistas é: pare. O motivo é simples: indivíduos que optam por dietas com muito ou pouco carboidrato tem maior risco de morrer precocemente. É o que indica estudo publicado nesta quinta-feira na revista The Lancet Public Health. De acordo com os pesquisadores da Escola de Saúde Pública de Harvard, nos Estados Unidos, a melhor maneira de garantir uma expectativa de vida mais alta é consumir uma quantidade moderada de carboidratos — cerca de metade das calorias diárias.

A pesquisa indica que uma pessoa de 50 anos que segue uma dieta equilibrada nesses termos pode viver até os 83 anos, em média;  já os que comem muito carboidrato podem alcançar os 82 anos. O resultado mais surpreendente veio da dieta low carb (pouco carboidrato): a expectativa de vida é de 79 anos, ou seja, quatro anos a menos do que quem ingere com moderação. “Esse estudo é o mais abrangente sobre a ingestão de carboidratos e nos ajuda a entender melhor a relação entre os componentes específicos da dieta e a saúde a longo prazo”, comentou Scott Solomon, da Universidade Médica de Harvard, ao Daily Mail. 

A classe dos carboidratos inclui vegetais, frutas e açúcar, mas a principal fonte são alimentos ricos em amido, como batatas, pão, arroz, macarrão e cereais.

Nem demais nem de menos

Durante 25 anos, a equipe analisou dados de mais de 15.000 adultos americanos entre 45 e 64 anos que haviam participado de uma investigação sobre risco de aterosclerose em comunidades. Os participantes responderam dois questionários detalhados sobre dieta: um no início da pesquisa e outro seis anos depois; além de fornecer informações sobre antecedentes demográficos, níveis de educação e renda, tabagismo, hábitos de exercícios e históricos médicos. Os fatores de estilo de vida também foram cuidadosamente considerados antes da análise dos resultados para que as associações entre ingestão de carboidratos e mortalidade fossem o mais realísticas possíveis.

A partir daí, os pesquisadores descobDo grupo original verificado, 6.283 pessoas morreram durante o período do estudo. No entanto, aqueles que tinham baixo consumo de carboidratos mostraram-se 20% mais propensos a morrer do que quem optou pela moderação. Segundo a estimativa, a partir dos 50 anos, as pessoas do grupo moderado de carboidratos podem viver, em média, por mais 33 anos, representando 2,3 anos a mais do que o grupo low-carb e 1,1 anos a mais que o grupo de alto consumo.

Os resultados foram semelhantes aos de estudos anteriores — os autores compararam o seu trabalho, que incluiu mais de 400.000 pessoas de mais de 20 países. “Isso fornece mais evidências de que dietas com pouco carboidrato podem ser incrivelmente prejudiciais à nossa saúde a longo prazo”, disse Alison Tedstone, nutricionista-chefe da Public Health England, à BBC.

Por que isso acontece?

De acordo com a revista Time, os pesquisadores acreditam que esse padrão pode ser explicado pelo fato de os indivíduos na parte alta da escala estarem consumindo grandes quantidades de carboidratos refinados — também conhecidos como carboidratos brancos —, que não têm muito valor nutricional e podem ter consequências para o peso e a saúde geral. Já os que consomem menos tendem a ingerir mais carne e produtos lácteos, o que pode aumentar o risco de doenças cardíacas e morte. O ponto de equilíbrio é encontrado pelos que escolhem o meio-termo, nem carboidrato demais nem de menos.

Entretanto, os especialistas afirmam que é possível manter a quantidade de carboidratos acima ou abaixo desde que os alimentos complementares respeitem as necessidades dos organismo. Em entrevista ao Daily Mail, Sara Seidelmann, principal autora da pesquisa, comentou que dietas de baixo carboidrato têm se tornado cada vez mais populares como estratégia de saúde e perda de peso.

“No entanto, as dietas low carb podem estar associadas a um menor tempo de vida e devem ser desencorajadas. Em vez disso, se alguém escolhe seguir uma dieta com pouco carboidrato, a troca de carboidratos por mais gorduras e proteínas à base de plantas pode realmente promover o envelhecimento saudável a longo prazo”, recomendou.riram que o risco de mortalidade era maior para aqueles nas extremidades altas (mais de 70% das calorias totais) e baixa (menos de 40%) se comparados aos que ficaram no espectro moderado — entre 50% e 55% da ingestão calórica de carboidratos. Estes resultados foram confirmados por uma revisão de estudos anteriores que envolveram mais de 432.000 pessoas de 20 países.

Precaução

Estudos nutricionais anteriores apontaram que as pessoas que trocam carboidratos por proteínas e gorduras derivadas de plantas, como feijão, nozes e sementes podem ter um risco menor de morte do que aquelas que os substituem por proteínas e gordura animal. O mesmo vale para risco de doença cardíaca.

Apesar das descobertas, os cientistas alertam que os resultados mostraram associações observacionais, em vez de causa e efeito; já os dados de alimentação foram baseados em auto-relatos e, portanto, podem não ser precisos. Além disso, a equipe reconheceu que, como as dietas foram medidas apenas no início do ensaio e seis anos depois, os padrões alimentares podem ter apresentado mudança ao longo dos 19 anos seguintes.

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