Introdução
A anemia é um sintoma de algumas doenças
do sangue, sendo caracterizada pela redução da quantidade de hemoglobina
que está dentro dos glóbulos vermelhos do organismo, células responsáveis pelo
transporte do oxigênio até os órgãos e tecidos. Pode acometer qualquer pessoa,
mas principalmente alguns grupos mais vulneráveis, entre eles as crianças.
Nessa faixa etária, a anemia causa danos ao crescimento, desenvolvimento e
saúde. Ela pode se apresentar de formas variadas, como a anemia ferropriva,
anemia da inflamação (doença crônica), talassemia, traço talassêmico e anemia
falciforme.
O tipo de anemia mais comum entre crianças é a ferropriva,
causada pela deficiência de ferro por falta de ingestão alimentar ou por
perdas de sangue na urina, fezes ou outro sangramento. “A falta de ferro
interfere no transporte de oxigênio pelas hemácias, o que altera a energia,
interfere na síntese de DNA, resultando em cansaço, apatia, irritabilidade,
dificuldade na concentração, queda de cabelo, unhas fracas e até aumento das
infecções. A falta crônica de ferro prejudica o desenvolvimento cerebral,
levando a desordens comportamentais ou déficits de memória e aprendizagem”,
comenta Sandra Loggetto, coordenadora do Comitê de Hematologia e Hemoterapia
Pediátrica da Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular
(ABHH).
A prevalência da anemia ferropriva na faixa etária
pediátrica, em países em desenvolvimento, é alarmante. A Organização Mundial da
Saúde (OMS) estima que mais de 50% das crianças menores de 4 anos nesses
países apresentam deficiência de ferro. A boa notícia é que a doença não é
silenciosa. Se os pais notarem que os filhos apresentam alterações no sono,
dificuldades na escola, preguiça de brincar, cansaço, taquicardia, falta de ar
e de apetite, além de mucosas das pálpebras e das gengivas descoradas, pode ser
que eles estejam com algum tipo de anemia.
Os outros tipos de anemia têm causas variadas. A da
doença crônica, por exemplo, ocorre associada a diversas condições, como
doenças infecciosas, inflamatórias e neoplásicas e, nesse tipo de anemia, apesar
de a criança apresentar níveis normais de ferro, ocorre um bloqueio na
mobilização do nutriente. Já a talassemia, doença hereditária, diz
respeito a pessoas portadoras de alterações genéticas em determinados
cromossomos, o que afeta a produção da hemoglobina. A anemia falciforme, por
sua vez, também é hereditária e causada por mutação genética que interfere na
produção da hemoglobina, a qual é responsável pela deformidade dos glóbulos
vermelhos que adquirem a forma de uma foice. Para ter a doença, é preciso que o
gene alterado seja transmitido pelo pai e pela mãe.
Tratamento
Na ferropriva, indica-se reposição de ferro via
oral. Quando o caso é anemia da doença crônica, a melhora vem com o
tratamento da patologia que está causando a inflamação – que pode ser virose,
infecção bacteriana, hipotireoidismo, doença reumatológica, entre outras. O
tratamento para doença falciforme e talassemia ou traço talassêmico varia de
acordo com o quadro clínico do paciente.
É importante ter em mente que o
tratamento da anemia ferropriva deve ser feito acompanhado de uma dieta rica em
ferro. Esse tipo de dieta também ajuda em sua prevenção. O aleitamento materno
exclusivo, por exemplo, supre a necessidade de ferro do bebê e o leite de vaca
não é fonte de ferro e até prejudica a absorção. Quando a criança for
introduzida a alimentos sólidos, é preciso incluir os ricos em ferro, como
carnes em geral (sobretudo carne vermelha), caldo de feijão, leguminosas e
verduras verde-escuras. Vale lembrar que a absorção do ferro dos alimentos de
origem vegetal é menor do que a dos alimentos de origem animal. Associar
vitamina C (tomate, frutas cítricas, sucos naturais de frutas cíticas) durante
as refeições aumenta a absorção do ferro, inclusive daquele de origem vegetal.