Em todo o mundo, é crescente a preocupação com o aumento do
número de idosos. Esta população têm vindo a ser identificados como de risco
mas com o avanço da ciência, nos dias de hoje, se tem encontrado várias formas
de contornar os déficits encontrados pelas alterações fisiológicas que
interferem principalmente na qualidade muscular do indivíduo da terceira idade.
Alguns suplementos como a creatina, proteínas, aminoácidos, vitamina d, ômega
3, zinco, podem melhorar o estado nutricional do idoso nesta fase, quando se
tratando da perda da massa muscula, uma característica desta faixa etária
denominada sarcopenia, advinda de variados fatores, dentre eles, má nutrição e
cascatas inflamatória hormonais. Para evitar uma progressiva este trabalho traz
opções consideradas de tratamentos consolidados e novas descobertas para a
melhora deste estado nutricional dos indivíduos idosos.
Entre os anos 2010 e 2050, o número de pessoas idosas terá crescimento
estimado em 250% nos países menos desenvolvidos, quando comparado aos 71% nos
países mais desenvolvidos1. No ano de 2014, o IBGE anunciou que, no Brasil, a
população idosa quadruplicará até 2060, representando 26,7% da população
total2.
Os idosos apresentam condições peculiares que comprometem seu estado
nutricional, dentre os quais as alterações fisiológicas do próprio
envelhecimento, as enfermidades presentes e fatores relacionados com a situação
familiar e socioeconômica3.
A composição do corpo humano muda ao longo da vida e envelhecer resulta
num declínio gradual da massa muscular, por exemplo, após a idade de 50 anos
ocorre em uma taxa de 1% -2% por ano, e é mais frequentemente acompanhada pela
diminuição da força muscular em torno de 1,5% por ano, acelerando a 3% ao ano
após a idade de 60 anos, é verificada também a deterioração do desempenho da
mobilidade funcional e física4,5.
Tudo isso representa uma ameaça para a independência funcional de
idosos devido a afetar negativamente a sua qualidade de vida6 . Por sua vez,
esses processos aumentam o risco de comorbidade, podendo levar a
institucionalização ou até mesmo a morte7.
A sarcopenia (perda de massa magra) é uma alteração extremamente
prevalente em idosos. O termo sarcopenia foi sugerido por Irving Rosenberg, no
final do século XX, é derivado do grego‘sarx’+’penia’ e significa “perda de
carne”4. Os motivos da sarcopenia são diversos: fatores nutricionais,
hormonais, inflamatórios, perda de neurônio motor e redução de fibras
musculares tipo II, entre outros8,9.
Como já mencionada, está bem estabelecido que acima dos 50 anos existe
uma redução da massa muscular em torno de 1% a 2% ao ano, e que há uma piora a
partir dos 70 – 80 anos, podendo chegar a quase 50% de perda. Além disso, é
verificada também uma redução da força muscular, o que acarreta redução de
mobilidade, dificuldade na realização de atividades diárias e redução na
qualidade de vida. Após os 60 anos há uma perda em torno de 3% ao ano8,9.
Um possível mecanismo de como a inflamação pode levar à sarcopenia são
os efeitos catabólicos diretos das citocinas no tecido muscular. Um fator que
desempenha papel significativo na sarcopenia, levando a uma perda da função
essencial do músculo esquelético que é o desequilíbrio entre pró e
anti-oxidantes, causando o estresse oxidativo10.
Estudos descreveram aumento da produção de citocinas pró-inflamatórias
(IL-6, TNF -α e IL-1) em idosos, que podem estimular a perda de aminoácidos e
incrementar a quebra de proteínas das fibras musculares11.
As consequências da sarcopenia, são: prejuízo na massa e função
muscular, redução da massa óssea, disfunção imune, anemia, redução cognitiva,
dificuldade na cicatrização das feridas, recuperação cirúrgica prolongada e
maior mortalidade12.
Diversos estudos estão em andamento em relação ao tratamento da
sarcopenia, entre eles a intervenção com exercícios físicos aeróbicos e de
resistência, terapias hormonais (uso de testosterona, estrogênio e hormônio de
crescimento), vitamina D, uso de inibidores da ECA (enzima conversora de
angiotensina) e novos potenciais terapêuticos, como antagonistas da miostatina,
agonistas PPAR δ (receptores ativados por proliferadores de peroxissoma delta)
e AICAR (5-aminoimidazole-4-carboxamida-1-β-D-ribofuranoside ativador AMPK),
além do uso de suplementos nutricionais13,14.
Este trabalho teve por objetivo realizar uma revisão integrativa da
literatura sobre a problemática da perda de massa muscular em idosos e
suplementações válidas para esta finalidade afim de prevenir o impacto da
problemática da sarcopenia e melhorar as condições de vida na terceira idade.
Foi realizada uma abordagem do tema sarcopenia sobre como ocorre
fisiologicamente a perda muscular em idosos, as suplementações válidas e os
benefícios da suplementação em idosos com delineamento de cada tópico.
2. MATERIAL E MÉTODOS
O presente estudo possui caráter descritivo, tendo como base artigos
científicos publicados em periódicos pesquisados em bases de dados como
MEDLINE, PUBMED, BIREME e SCIELO, além de livros relacionados ao assunto,
teses, apresentações em congressos, simpósios etc. Os descritores usados nas
pesquisas foram: suplementação, músculos, sarcopenia, idosos, suplementação
nutricional e idosos. O período dos artigos é datado em sua maioria entre 1993
– 2016 e nos idiomas português, inglês ou espanhol.
3. DESENVOLVIMENTO
Caracterização da Perda Muscular
em Idosos
Algumas diferenças na síntese protéica muscular e na resposta à
atividade física são importantes fatores a serem considerados. Existe um atraso
na síntese de proteínas dos idosos, quando comparados com indivíduos jovens
após um estímulo anabólico. A chamada “janela anabólica de oportunidade” nesta
população ocorre de três a seis horas após o estimulo15,16.
A causa desse atraso pode estar relacionada ao fator ERK1/2 (fator de
transcrição, também relacionado à síntese proteica muscular da via da
MAPKinase): este fator, na primeira hora após exercício se eleva nos jovens,
mas não nos idosos. Outra diferença foi verificada no fator AMPKα (fator de
transcrição relacionado à redução da síntese proteica muscular): nos idosos não
verificou-se uma redução da sua expressão nas primeiras três horas após o
exercício segundo os estudos de Dreyer e colaboradores (2008)17.
Além do atraso na síntese proteica muscular após estímulo anabólico,
existe também na população idosa um mecanismo chamado de “resistência
anabólica”. Isso significa que é necessária uma quantidade maior de proteínas
ingeridas para ser atingida a mesma síntese proteica dos jovens. Um estudo
demonstrou que após a ingestão de cinco gramas de proteína, os jovens já
iniciam a síntese proteica muscular e atingem um platô após um total de vinte
gramas. Já em idosos, esse nível de proteína deve ser mais elevado: em torno de
dez gramas para início e trinta gramas para o platô 18,19.
Estudos mostram que outros mediadores do balanço protéico negativo
incluem deficiência de GH e IGF-1 (hormônio do crescimento e fator de
crescimento Insulina-1) assim como concentrações aumentadas de glicocorticóides.
As reduções de GH e IGF-1, também estão implicadas no menor estímulo anabólico
sobre o tecido muscular esquelético20.
A produção aumentada de citocinas pró-inflamatórias, como IL-1, IL-6, e
TNF-α (interleucina 1, interleucina 6, factor de necrose tumoral) é
provavelmente a causa mais comum da depleção do tecido muscular. As citocinas
ativam a transcrição do fator nuclear NF Kapa -B (FN-κB), o que resulta em
diminuição da síntese protéica muscular. TNF-α é altamente específico para
estimular a proteólise da miosina de cadeia pesada. Além disso, citocinas
estimulam a liberação de cortisol e catecolaminas a partir da glândula
adrenal20.
Suplementações válidas
Creatina
A creatina, composto derivado de guanidina naturalmente sintetizado no
corpo humano usando vários aminoácidos (arginina, glicina, metionina) como
precursores. A ingestão da creatina depende de fontes animais. No organismo, a
creatina é armazenada principalmente no músculo esquelético, pois é necessário
para sintetizar e manter os níveis de adenosina trifosfato (ATP) para a
contração muscular21.
De acordo com estudos, a creatina mostra-se como um ótimo suplemento em
que trabalhos demonstraram ganho de massa magra e, ainda mais importante, no
ganho de função, desempenho e qualidade de vida, devido melhora do estresse
oxidativo22.
Um estudo com trinta homens com 70 anos em média, utilizando por dez
semanas creatina na dosagem de 0,3g/kg/d, por cinco dias, e após 0,07g/kg/d,
associado a treino resistido, demonstrou melhora em ganho de 3,3 kg de massa
magra, contra 1,3 kg no grupo placebo (p<0,05); aumento na carga máxima
utilizada no aparelho de legpress (50,1 kg, contra 31,3 kg no grupo placebo,
com p<0,05) e também um aumento no número de repetições do leg-press (47
contra 32 do grupo placebo, com p<0,05) demonstrando assim uma melhora
também no exercício de endurance22.
Resultados de vários estudos de intervenção em adultos mais velhos
sugerem que quantidades elevadas de creatina exógena podem apoiar a massa
muscular e suas funções. A creatina classificando-se como um nutriente
"indispensável" em pessoas mais velhas23.
Alguns estudos24,25 mostram um benefício força muscular com o uso de
suplementos de creatina em pessoas mais velhas, enquanto que há estudos que não
a defendem 26,27. O efeito pode estar relacionado ao tempo e dosagem da
suplementação de creatina; benefícios a longo prazo de diferentes estratégias
que precisam ser melhores descritos23.
Resultados com Creatina 0,1g/kg + proteínas 0,3 g/kg mostram melhores
resultados em idosos relacionando força e massa muscular24.
Estudo avaliando suplementação uma vez por semana de Creatina (5g)
associado ao exercício físico, comprovou melhoras na força isométrica
muscular25.
Em estudo duplo cego avaliando a eficácia prolongada da suplementação
de creatina associada ou não com exercício físico sobre resposta muscular e
sarcopenia, foi usado 20g de creatina, divido em quatro tomadas durante cinco
dias e mais 5g após um período até 24 semanas. Os resultados mostraram-se
satisfatórios e excelentes e sem efeitos colaterais28.
Leucina e Aminoácidos
A leucina promove a síntese protéica via mecanismos envolvendo uma
proteína quinase denominada alvo da rapamicina em mamíferos (mTOR) e esta
estimula a síntese por meio de três proteínas chaves: a proteína quinase
ribossomal S6 de 70 kDA (p70S6k); a proteína 1 ligante do fator de iniciação
eucariótico 4E (4E-BP1); e o fator de iniciação eucariótico 4G (eIF4G)29.
Em adultos que estavam em estado crítico, o mix de BCAA ("Branch
Chain Amino Acids" que significa "aminoácidos de cadeia
ramificada") aumentou igualmente a síntese de proteínas musculares 30,31
É necessário uma maior proporção de leucina pela estimulação da taxa de
síntese da proteína muscular em adultos mais velhos, em comparação com os
adultos mais jovens, sendo proposto uma Co-ingestão de leucina com um bolus de
proteína dietética que estimulou ainda mais as taxas de síntese de proteínas do
músculo pós-prandial em homens mais velhos32.
Dentro um estudo randomizado, controlado sobre exercício e nutrição em
idosas da comunidade japonesa, aquelas que foram suplementadas com aminoácidos
ricos em leucina mostraram aumento da massa muscular da perna e força, além de
andar mais rápido 33.
Para aumento de anabolismo, há a sugestão de um mix de leucina a 2,5g
com 25 a 30g de proteína complementado34.
Além disso, outros estudos demonstraram que adultos mais velho que
foram dado aminoácidos essenciais complementares (EAA) durante 16 semanas
desenvolveram aumento da massa muscular, além de função melhorada, mesmo na
ausência de intervenções de exercício 29. No entanto, outros resultados do
estudo mostraram que a suplementação de leucina à longo prazo sozinha não
aumenta a massa muscular ou força35,36.
Nos últimos anos, o tema leucina e sua importância na alteração da
síntese protéica têm sido bastante estudado, o que implica um avanço no
entendimento dos mecanismos da regulação nutricional da síntese protéica a
nível molecular 37. A leucina é considerada atualmente não apenas um aminoácido
constituinte de uma proteína, mas também uma substância físico-farmacológica,
na qual sua administração é capaz de promover efeitos anti-catabólicos
importantes, assim como uma atenuação do catabolismo muscular esquelético
durante perda de peso, facilitação de um processo de cura ou mesmo melhora do
turnover protéico muscular esquelético38.
Dos 20 aminoácidos que constituem nosso corpo, apenas os aminoácidos de
cadeia ramificada, a alanina, o glutamato e o aspartato são oxidados em uma
taxa considerável no nosso músculo esquelético. Quantitativamente, a alanina
parece ser oxidada em proporção maior (de 30% a 70% mais que a leucina). Devido
o fato de os aminoácidos de cadeia ramificada somarem um terço de toda nossa
proteína muscular, eles são facilmente utilizados como substratos para formação
de alanina e glutamina, e, além disso, existem evidências que demonstram o
papel fundamental dos aminoácidos de cadeia ramificada, especialmente a leucina
na regulação de processos anabólicos envolvendo tanto a síntese quanto a
degradação proteica muscular39. Em estudos recentes, foi visto que os
aminoácidos de cadeia ramificada apresentam potenciais efeitos terapêuticos,
uma vez que esses aminoácidos podem atenuar a perda de massa magra durante a
redução de massa corporal; favorecer o processo de cicatrização; melhorar o
balanço proteico muscular em indivíduos idosos; e propiciar efeitos benéficos
no tratamento de patologias hepáticas e renais40. Estudos do efeito da
suplementação com leucina na síntese proteica muscular em idosos, em que vinte idosos
foram selecionados e analisados antes e após uma alimentação rica em leucina ou
não, traz a conclusão que a suplementação de leucina durante as refeições
aumenta a síntese protéica muscular em idosos independente do aumento da
concentração dos outros aminoácidos41.
Muitos estudos propõe a combinação de Leucina com Proteína ou outros
mix de Aminoácidos para melhora da síntese (41% Leucina- 15g de Whey Protein
com 2,7g de Leucina (41% dos aminoácidos essenciais) 32. E outros sugerem além
do mix de proteína e outros aminoácidos, a adição conjunta de carboidrato, em
proporção CHO+PRO+LEU: Adição de 0,16g/kg de whey protein c/ 0,03g/kg
leucina42.
Whey Protein e Proteínas
Em estudos de suplementações versus sarcopenia, uma das considerações
mais importantes é a suplementação proteica. O grupo de estudo internacional
PROT-AGE 21 recomenda 1.0 e1.5 g de proteína / kg peso corporal / dia para os
indivíduos com mais de 65 anos com ou sem doença e as novas Nordic Nutrition
Recommendations sugerem segmentação de proteína 1.2 e1.4 / kg de peso corporal
/ dia, com proteína com 15 e 20% do consumo total de energia para idosos
saudáveis43.
Para um sarcopênico, recomenda -se ingestão diária proteica mínima
entre 1,0 e 1,2g/ kg/ dia 44.
Estudo avaliando suplementação proteica com colágeno (15g) por 12
semanas concomitantemente com exercícios, demostraram melhora na força muscular
e diminuição na perda da mesma 45.
Estudos realizados testaram a suplementação de mulheres com idades
entre 65 e 85 anos. Foi comparado o balanço nitrogenado a partir da
suplementação de dois compostos proteicos: "whey protein" e colágeno
hidrolisado. Embora a quantidade de proteína tenha sido a mesma para os dois
suplementos, para as mulheres que consumiram o suplemento à base de soro de
leite houve redução do peso sem alterações no perfil corporal, sugerindo perda
de massa magra. Para as mulheres que ingeriram o suplemento de colágeno não
houve alterações significativas no peso corporal; além disso, a excreção de
nitrogênio foi menor para o colágeno hidrolisado que para o soro do leite,
mantendo o balanço nitrogenado e a massa magra. Os dados do estudo chamam a
atenção devido a quantidade e qualidade da proteína ofertada, o que causa muita
discussão ainda hoje, pelas diretrizes de recomendação46.
Também observaram que, embora o colágeno hidrolisado seja deficiente em
aminoácidos essenciais, associado a uma dieta com quantidades adequadas de
proteína poderia promover um equilíbrio nitrogenado 46.
As proteínas que são digeridas rapidamente (por exemplo, a proteína de
soro de leite) induzem a uma melhor resposta anabólica em pessoas mais velhas
do que as proteínas que são digeridas lentamente (por exemplo, a caseína). Isto
implica que uma suplementação eficaz para prevenir ou amenizar a sarcopenia
deve conter exatamente os nutrientes que são necessários para estimular o
anabolismo proteico e crescimento musculares 47,48.
Estudos referem que aumentar a ingestão de proteína na dieta ou
fornecer proteína suplementar, pelo menos, 1,2 g de proteína / kg de peso
corporal ou considerar prescrições de suplemento proteico de 20 g após as
sessões de exercício é o ideal21.
A força muscular e a função física são melhoradas em idosos com fragilidades
quando há suplementação proteica dividas em 15 g no café da manhã, 15 g almoço
por 24 semanas49.
A necessidade maior proteica é, em parte, devido à redução da resposta
anabólica nos idosos: mais proteínas também são necessárias para compensação
das inflamações e condições catabólicas associadas a doenças agudas e crônicas,
comuns nesta idade, principalmente a osteoporose. Sendo que o idoso com doença
grave, necessitará de mais proteína, salvo doenças renais graves (0,8g/kg/d)21.
Porém nem todos estudos são concluintes dos melhores efeitos da
proteína. Alguns estudos referem que a alteração significativa seria apenas da
massa livre de gordura e ainda sugerem que para o melhor efeito sobre qualquer
alteração, deve ser usado a suplementação juntamente com protocolo de
treinamento físico. O que foi discutido também foi a forma de dosagem, que não
há uma forma padrão, podendo variar de gramagem fixa à gramagem pelo quilo do
paciente e outros fatores, como idade, sexo, nível de atividade50,21.
Também outros autores não conseguiram confirmar os benefícios
excedentes propostos da suplementação proteica em resposta positiva da força e
massa muscular. Muitos argumentos foram, 30g de proteína em mulheres
pós-menopausa eram insuficientes para melhora da massa muscular, mesmo em uso
prolongado. Outros retomam que o exercício é o principal aliado na
suplementação, e sem ela não há resposta da Resistência Muscular51-53.
A discussão sobre o tema é grande e alvo de muitos estudos.
Contrariando os estudos não favoráveis a suplementação, uma meta-análise
tomando vários estudos importantes, mostrou a conclusão que a proteína aumenta
a massa muscular, além de ganhos de força, acompanhado de treinamentos
prolongados de exercício de tipo de resistência54,55.
Em homens mais velhos, a proteína de soro de leite ("rápida")
estimulou melhor a síntese muscular pós-prandial do que caseína ("lenta”),
o efeito é atribuído a uma combinação de digestão e absorção mais rápida do
soro de leite além de maior concentração de leucina, o whey protein parece ter
algum benefício anabólico além de seu teor de aminoácidos essenciais, maior.
Porém a diferença significativa é somente no pós-prandial, pois logo após o
exercício o consumo tanto de um como o outro se mostrou eficaz igual56,57.
Vitamina D
É um dos nutrientes mais importantes para o idoso, imprescindível para
absorver o cálcio no organismo, apresentando importante influência na
composição óssea e no metabolismo. A vitamina D é essencial para manter a
estrutura do esqueleto saudável, melhorar a mineralização dos ossos e a
absorção de cálcio, a dose de ingestão recomendada é de 1.200 a 1.500 mg por
dia, recomendando-se principalmente para homens com mais de 65 anos e mulheres
na fase da menopausa 58-60.
Vários estudos epidemiológicos demonstram a associação entre níveis
reduzidos de vitamina D e/ou diminuição da massa muscular e força. Uma
avaliação de 103 pacientes em nível ambulatorial e constataram que as mulheres
tinham mais deficiência de vitamina D do que os homens (17% e 13%,
respectivamente). Concentração reduzida de vitamina D foi associada com a perda
óssea, com aumento do risco de quedas e fraturas, diminuição da força muscular,
funcionamento físico deficiente e aumento do risco de admissão em instituições
de longa permanência61.
Após 6 semanas de suplementação com vitamina D3 (4000 UI / dia) houve
melhora no receptor de expressão e de ação dos músculos esqueléticos (VDR,
feito com biópsias de tecido muscular)62.
Em um estudo transversal em pacientes ambulatoriais com mais de 65 anos
de idade, realizado na Suiça, encontraram uma correlação positiva entre a força
muscular avaliada pela potência dos músculos extensores do joelho (LEP) e os
níveis de 1,25-dihidroxivitamina D em homens e mulheres63.
A influência da vitamina D sobre a força muscular em mulheres
holandesas (<70 anos), após 6 meses de suplementação com 0,5µg de
alfacalcidiol, observou aumento significativo da força isométrica dos músculos
do joelho quando comparado aos valores basais nas mulheres com deficiência64.
Omega 3 (PUFAS)
Àcidos graxos poli-insaturados ômega-3 (AGPI n3) são lipídios
essenciais e estão relacionados à redução da triacilglicerolemia e
colesterolemia 65.
A suplementação dietética de peixe derivados de n-3 PUFA pode aumentar
a massa muscular, reduzir a demanda de oxigênio durante a atividade física e
melhorar a função física (força e potência muscular e resistência) nas pessoas.
Tal afirmação é sustentada por estudo envolvendo vias metabólicas, genéticas e
biópsias do tecido muscular após a suplementação de 1g de suplemento a base de
ômega3 em idosos66.
A suplementação com omega estimula o anabolismo muscular pelo aumento
da via de sinalizção do mTOR-p70s6k67.
Estudo suplementando ômega 3 (2g), intervalados até 150 dias de
suplementação concomitantemente à atividade física, demonstrou melhora na
função neuromuscular e em testes funcionais65. Outros estudos também
encontraram aumento na força muscular em indivíduos que receberam a
suplementação com óleo de peixe68,69.
O óleo de peixe possui também propriedades anabólicas sobre as
proteínas musculares, que podem ter estimulado a síntese proteica. Alguns
estudos têm
demonstrado que dietas em óleo de peixe que são ricas em EPA e DHA,
duplicam o descarte de aminoácidos estimulados por insulina, que são marcadores
de síntese proteica70.
Porém, estudos comentam que o óleo de peixe ministrado isoladamente não
tem sido considerado suficiente para produzir acentuados efeitos anabólicos,
visto que os estados basais da taxa de síntese proteica não são afetados pela
suplementação. Todavia, quando o óleo de peixe é suplementado em conjunto com
aminoácidos, sua capacidade anabólica se torna potencializada67.
Zinco
Estudos experimentais tem sido realizados mostrando o efeito benéfico
do zinco sobre o aumento da secreção do GH 71,72.
O zinco possui efeito no crescimento celular, diferenciação e
metabolismo. Muitas enzimas associadas à síntese de DNA e RNA são
zinco-dependentes, incluindo a RNA polimerase. Além disso o zinco também pode
influenciar regulação hormonal celular de GH e IGF-173.
Em estudo controlado com suplementação de 25mg zinco/dia, durante 90
dias, resultou em aumento de níveis de GH e IGFBP374.
Existe relato da relação do zinco com a secreção de GH e IGF-1 em
jovens e adultos, mas pesquisas com idosos precisam de mais aprofundamento
apesar do primeiro estudo ser considerado relevante e com resultados
positivos71,72.
4. DISCUSSÃO
Muitas recomendações são utilizadas quando se tratado da melhora do
envelhecimento ligado à massa muscular. É de grande importância que seja
seguido protocolos de estudo controlados e pareceres de Grupos de Estudo ou
Sociedades ligadas à gerontologia e suplementação. Um desses grupos atualmente
é o PROT-AGE.
As considerações que são feitas por esse grupo e outros estudos, que
para manter ou recuperar a massa muscular, idosos necessitam de mais proteínas
do que adultos jovens, obtendo a média de consumo diário entre 1.0 a 1.2
g/kg/dia. O limiar de proteína e aminoácidos por refeição é maior nos idosos:
25 a 30g proteínas/refeição, contendo cerca de 2.5 a 2.8 g de leucina. Fontes
de proteínas, hora da ingestão, e suplementação de aminoácidos devem ser
considerados nas recomendações diárias de ingestão de proteína para idosos21.
Porém como existe piora na patabilidade de idosos, alguns estudos novos
dão sugestão em solubilizar o conteúdo proteico em geleias, sucos, compotas e
vitaminas, como a compota de maçã, cujo estudo notou melhora na ingestão de
suplementos e seus benefícios75.
As pessoas idosas com doença renal grave (TFG <30) que não estão em
diálise são uma exceção à regra de alta proteína; esses indivíduos precisam
limitar a ingestão de proteína21.
Sobre a qualidade do suplemento, a leucina e as proteínas de digestão
rápida mostraram vantagem sobre isolado de caseína e proteínas de soja,
evidenciado em estudos de curto prazo. Um estudo recente em mulheres com
sarcopenia mostrou que a combinação de exercício duas vezes por semana e 3 g de
leucina, duas vezes por dia durante 3 meses, foi superior em comparação com
qualquer intervenção quando realizada de maneira isolada57,76.
Em outro estudo, concluiu que misturas do soro de leite e proteína de
soja estimulou a síntese de proteína muscular após exercício a um nível
semelhante ao do
whey protein isolado76.
Em indivíduos adultos, Aminoácidos Cadeia Ramificada (ACR) são
relevantes para a manutenção da proteína corporal além de serem fonte de
nitrogênio para a síntese de alanina e glutamina. Existem evidências
demonstrando o papel fundamental dos ACR - especialmente a leucina - na
regulação de processos anabólicos envolvendo tanto a síntese quanto a
degradação proteica muscular. Além disso, ACR apresentam potenciais efeitos
terapêuticos, uma vez que esses aminoácidos podem atenuar a perda de massa
magra durante a redução de massa corporal; favorecer o processo de
cicatrização; melhorar o balanço proteico muscular em indivíduos idosos; e
propiciar efeitos benéficos no tratamento de patologias hepáticas e
renais57,77 -80.
São necessários mais estudos com os suplementos à base de PUFAS
(ômega-3) e zinco, além de comprovações de outros suplementos para sarcopenia
para o público idoso em relação à sarcopenia que não foram citados.
5. CONCLUSÃO
Apesar da fisiologia básica apontar para introdução de suplementos,
principalmente proteicos, é necessário verificar as recomendações nutricionais
e suplementares em estudos detalhados, como este, antes de colocar as mudanças
na prática clínica.
Cada idoso possui suas particularidades, idade, atividade física, peso,
altura, problemas de saúde, que devem ser avaliados em conjunto antes da
terapia de suplementação ser indicada, pois há recomendações diferentes para
idosos saudáveis e para idosos com doenças crônicas ou agudas.
Sobre a maioria dos estudos analisados, o papel do exercício físico,
quando possível, torna -se fundamental juntamente com a suplementação para a
recuperação e manutenção da força e função muscular em idosos. Muitos estudos
mostraram que quando o idoso é sedentário, a suplementação possui modificações
fisiológicas mínimas, sendo o exercício estimulante para a captação dos
nutrientes via celular e melhorar o anabolismo.
A combinação de exercício e ingestão de suplementos é fundamental para
o anabolismo muscular.
É necessário levar em consideração para a suplementação, horários e
palatabilidade, uma vez que a distribuição das dosagens pode ser mais benéfica,
e pelo paladar alterado nos idosos, devido as alterações na papila gustativa,
sendo necessário adaptações do gosto do suplemento.