A maioria das pessoas procura um nutricionista quando precisa emagrecer ou quando quer ganhar mais massa muscular, mas esta área do conhecimento pode ser muito mais abrangente do que se imagina. Por exemplo, você sabia que pode curar uma enxaqueca crônica no consultório de um nutricionista? E modificar um histórico de fibromialgia? Conhece alguém que tratou a hiperatividade do filho desta forma? E o seu déficit de atenção? Sabia que a síndrome do ovário policístico também pode ser tratada assim? Estes problemas e tantos outros, que têm a sua origem na alimentação, podem ser resolvidos pelos profissionais que praticam a nutrição clínica funcional. Foi nessa vertente que sempre baseei os textos deste blog.
Não pense que estou falando aqui sobre uma nova moda em saúde. Esta ciência chegou oficialmente ao Brasil há mais de 15 anos, mas alguns profissionais já a praticavam há muito mais tempo. Ela tem o respaldo do Instituto Brasileiro de Nutrição Funcional (IBNF), fundado em 2004, e do Institute For Functional Medicine (IFM) – EUA. Para esta área da nutrição, a rotina alimentar que mantemos é responsável por todo nosso funcionamento. É quem vai determinar a nossa qualidade de vida e prevenir doenças, ou, quando estiver errada, pode ser a causa de boa parte dos sintomas que nos incomodam diariamente e até de algumas doenças. É, portanto, uma ciência muito mais ampla e abrangente do que a que estuda, unicamente, a maneira mais eficaz de perdermos peso. Ela pode auxiliar no emagrecimento, mas também tem como objetivo promover uma maior qualidade de vida e prevenir ou até ajudar a tratar centenas de doenças e sintomas de todos os tipos.
Você não vai ver um nutricionista funcional calculando as calorias que alguém deve ingerir, passando uma dieta pronta e generalizada ou uma lista de pontos associados a cada alimento para que sejam consumidos em maior ou menor quantidade. Você não será liberado para consumir refrigerante zero ou gelatina diet à vontade apenas porque eles não têm calorias. Os representantes da nutrição funcional devem avaliar a interação do organismo de cada paciente com os vários tipos de alimento. Também se aprofundam no que cada alimento tem para nos oferecer, quais são seus nutrientes, suas propriedades e até seus potenciais alergênicos e como eles interagem entre si e com o organismo.
Uma das principais características de um nutricionista funcional é o foco na individualidade bioquímica do paciente, ou seja, a abordagem é sempre individualizada e varia bastante de uma pessoa para outra. Seu papel não é restringir o consumo de um determinado grupo de alimentos ou passar uma dieta que esteja na moda. Ele deve orientar a ingestão adequada deles, na quantidade certa, para que o paciente receba todos os nutrientes essenciais para o bom funcionamento do organismo. E garantir, por meio de um hábito alimentar correto, que este alimento seja bem digerido, absorvido e utilizado. Seu objetivo é equilibrar nutricionalmente o organismo do paciente para que ele recupere e mantenha suas funções físicas, mentais e emocionais. É daí que vem o termo ‘funcional’.
Mas atenção, é muito comum que se confunda o termo ‘nutrição funcional’ com a utilização de alimentos funcionais. Os alimentos chamados de funcionais podem estar na moda e são erroneamente utilizados de forma generalizada, ou seja, receitados para todas as pessoas, sem que se considere o seu histórico e a sua aceitação ao alimento que, como eu já disse, varia muito de uma pessoa para a outra. São vendidos como alimentos que geram benefícios à saúde. Porém, nenhum alimento sozinho tem o poder de promover alguma ação no nosso organismo. Por outro lado, quando consumidos de forma consciente e orientada por um nutricionista funcional, quase todos os alimentos naturais, em conjunto, poderão nos trazer algum benefício.