Glúten Free: Produtos Têm Mais Calorias e Aditivos Químicos

por VEJA.COM / 23 Julho 2018 / Notícias do Mercado
Se você acha que alimentos sem glúten são mais saudáveis, há uma grande chance de você estar enganado. Alimentos industrializados rotulados como ‘sem glúten’ têm mais gordura saturada, açúcar e sal do que os produtos que contêm glúten, além de ter um baixo teor de fibra e proteína.

Pesquisadores da Universidade de Hertfordshire analisaram a informação nutricional e os custos de mais de 1.700 produtos alimentares por meio da coleta de dados de sites de fabricantes e supermercados do Reino Unido. Além de concluírem que esses produtos não são mais saudáveis do que aqueles que contêm glúten, os pesquisadores descobriram que alimentos glúten-free custam cerca de 159% mais do que os regulares.

Recentemente, a equipe da revista francesa 60 Milhões de Consumidores analisou a composição de vários produtos sem glúten na França, comparando-os às suas versões convencionais, segundo informações da Rádio Francesa Internacional (RFI). A análise concluiu que boa parte dos alimentos industrializados sem glúten contém mais gordura, açúcar, sal, aditivos químicos e são mais calóricos do que os produtos tradicionais.

‘Glúten free é para quem precisa’

De acordo com o levantamento, realizado pela área de Inteligência e Pesquisa de Mercado da Editora Abril a pedido da Nestlé, 19% dos entrevistados fazem restrição parcial ou total do consumo de glúten, proteína presente em cereais como trigo, centeio e cevada. No entanto, apenas 4% das pessoas que evitam a substância têm doença celíaca, cujo tratamento depende diretamente da retirada do glúten da dieta. Já outros 30% disseram ter cortado o item simplesmente porque querem emagrecer.

Alimentos com glúten são a principal fonte de carboidrato e, portanto, o que dá energia ao corpo. Em longo prazo, além de ser difícil manter a restrição, a prática pode trazer riscos à saúde.

O glúten tem algumas particularidades que o desfavorecem. Ele está presente em diversos alimentos ricos em carboidratos e com alto índice glicêmico (que elevam a taxa de açúcar no sangue), como pizza e biscoitos, que podem engordar e aumentar o risco de diabetes. Essas consequências, porém, não são desencadeadas pelo glúten em si, e sim pelo açúcar do carboidrato. Logo, não adianta eliminar essa proteína da dieta e continuar consumindo comidas como arroz branco e batata.

O glúten pode ser prejudicial ao organismo – mas, comprovadamente, apenas entre aqueles que sofrem de doença celíaca, que afeta uma em cada 200 pessoas no mundo, segundo a Organização Mundial de Gastroenterologia. Quando um celíaco consome glúten, seu sistema imunológico reconhece a proteína como um inimigo e reage contra ela. Esse ataque atinge o intestino delgado e prejudica a absorção de nutrientes.

Há, ainda, pessoas que não sofrem de doença celíaca, mas que têm intolerância ao glúten. Elas passam mal quando consomem a proteína (diarreia e gases são sintomas comuns), mas não têm o intestino danificado e não sofrem de uma doença crônica. Esse quadro pode aparecer em qualquer um e em qualquer fase da vida, mas ainda não está claro o motivo pelo qual isso acontece.

Para o restante da humanidade, ainda não se provou que comer um prato de macarrão prejudique a saúde. Em entrevista à Rádio Francesa Internacional, a nutricionista Magda Santos afirmou que as pessoas que querem ter uma alimentação saudável devem priorizar ingredientes naturais no preparo das refeições. “Adaptar e equilibrar a alimentação é muito mais eficaz do que qualquer dieta da moda”, comentou.

Ela ainda ressalta que essa a ideia de alimentos sem glúten serem mais saudáveis foi plantada pela indústria agro-alimentar, que encontrou um nicho de mercado rentável. Para aprimorar o produto e atrair novos consumidores, as empresas passaram a alterar a composição dos ps com o intuito de melhorar a textura e elasticidade dos alimentos.

“Aprender a comer com responsabilidade e sem radicalismo é a chave do sucesso. Mais importante que as calorias, é o equilíbrio entre os ingredientes e ter bons ingredientes.”, diz Bianca Naves, nutricionista da Nutrioffice e membro da comissão de comunicação do Conselho Regional de Nutricionistas 3ª Região do Estado de São Paulo (CRN-3).

De acordo com a nutricionista, durante o congresso da Sociedade de Gastroenterologia, Hepatologia e Nutrição Pediátrica, que aconteceu na Ucrânia, no ano passado, foi apresentado um estudo sobre alimentos industrializados sem glúten. A pesquisa comparou 1.300 produtos sem essa proteína e seus equivalentes convencionais, concluindo que os produtos sem glúten têm realmente mais gordura saturada, açúcar e baixo teor proteico.
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