Probióticos Melhoram os Sintomas Gastrointestinais no Autismo Infantil

por INSTITUTO HI-NUTRITION / 15 Maio 2018 / Estudo Científico

Introdução

O transtorno do espectro do autismo (TEA) é um transtorno do neurodesenvolvimento complexo caracterizado por déficits na comunicação e interação social (reciprocidade socioemocional, comunicação não verbal e desenvolvimento, manutenção e compreensão de relacionamentos), além de padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses ou atividades. Nenhuma causa conhecida foi identificada para explicar a ocorrência de TEA, o que pode ser atribuído a fenótipos comportamentais complexos, bem como o envolvimento de vários fatores genéticos e ambientais na etiologia da TEA.

A associação de distúrbios gastrointestinais (GI), como dor abdominal, constipação e diarréia e TEA é bem conhecida, com ocorrência de sintomas variando de 9% a 70% ou mais. Infelizmente, muitas crianças com TEA com problemas gastrointestinais são refratárias ao tratamento. Muitos estudos correlacionaram a disfunção gastrointestinal com o TEA e relataram um possível papel da microflora intestinal em crianças autistas. Evidências recentes sugerem que os sintomas gastrointestinais podem ser devidos à perturbação da composição da microbiota intestinal e metabolismo, promovendo o crescimento de microrganismos patogênicos.

Numerosos estudos documentaram a composição anormal da microbiota intestinal (disbiose) em crianças autistas. Essa disbiose pode contribuir para a fisiopatologia de muitas manifestações gastrointestinais, alergia alimentar e obesidade. Muitas crianças com TEA têm uma representação maior de membros da família dos Clostridiales e um número elevado de populações bacterianas de Sutterella e Ruminococcus torques.

O chamado "eixo do intestino-cérebro" tem sido descrito como uma complexa rede fisiológica de duas vias entre o intestino e o cérebro e tem sido sugerido que o microbioma intestinal desempenha um papel importante na patogênese de algumas doenças neurológicas e psiquiátricas, incluindo o TEA.

Os probióticos são microrganismos vivos não patogênicos, que afetam beneficamente a saúde humana, quando administrada em quantidades adequadas como ingrediente alimentar ou suplemento. Muitos estudos relataram que os trilhões de micróbios intestinais afetam as funções metabólicas e imunológicas, modificam a expressão gênica e têm um papel importante no desenvolvimento cerebral e comportamental. Os probióticos provavelmente funcionam alterando a composição e/ou atividades da microbiota colonizadora e interagem diretamente com o hospedeiro através de mecanismos de sinalização imune. Os probióticos são capazes de estabilizar a barreira mucosa, aumentando a expressão de mucina, reduzindo o supercrescimento bacteriano, estimulando a imunidade da mucosa (IgA secretora) e sintetizando substâncias antioxidantes.

Objetivo do Estudo

Shaaban et al. (2017) avaliaram a eficácia e tolerabilidade dos probióticos em crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA). O estudo incluiu 30 crianças com TEA (idade entre 5 e 9 anos) que receberam 3 meses de uma suplementação com Lactobacillus acidophilus, Lactobacillus rhamnosus e Bifidobacterium longum 5 g (100X106 UFC/g).

A composição da microbiota fecal foi avaliada através da Polymerase Chain Reaction (PCR), os sintomas gastrointestinais através do six-item Gastrointestinal Severity Index (6-GSI) e os sintomas do autismo pelo Autism Treatment Evaluation Checklist (ATEC) antes e após 3 meses de suplementação.

Resultados

Após a suplementação probiótica, o PCR das crianças autistas mostrou aumento na contagem de colônias de Bifidobacteria e Lactobacilos, com redução significativa no peso corporal. Além disso, houve melhora significativa na severidade do autismo (avaliado pelo ATEC), e dos sintomas gastrointestinais (6-GSI) comparado ao início do estudo.

Conclusão

Foi possível concluir que os probióticos possuem efeitos positivos nas manifestações comportamentais e gastrointestinais no TEA, podendo ser recomendados como terapia adjuvante.

Referência

Shaaban SY1, El Gendy YG1, Mehanna NS2, El-Senousy WM3, El-Feki HSA1, Saad K4, El-Asheer OM4. The role of probiotics in children with autism spectrum disorder: A prospective, open-label study. Nutr Neurosci. 2017 Jul 7:1-6. doi: 10.1080/1028415X.2017.1347746. [Epub ahead of print]

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